quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As Informações Implícitas: Pressuposto e Subentendido

Annyellen Desirre Cabral Menon
Daniela Krauss
James Domingues
Juciney Silvana de Souza Ferreira
Aline de Oliveira
Irís Cruzeiro
Solenir de Fátima Morais

INTRODUÇÃO


Este texto tem como objetivo uma breve análise comparativa entre implícito, pressuposto e subentendido os quais encontramos em mensagens, falas, textos e diálogos do cotidiano.
É de suma importância a diferenciação dos pressupostos e subentendidos, pois esses dois temas, apesar de parecidos, trazem duas concepções divergentes, o primeiro leva-nos a conclusões fundadas em verdades compartilhadas, já o segundo, por sua vez, leva-nos a conclusões próprias.
Sendo assim, passamos a expor cada um dos temas, os quais nos fazem compreender as informações implícitas.

INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS

No dicionário encontramos o seguinte significado para a palavra implícito: que está envolvido, mas não de modo claro, subentendido. Nota-se como um assunto acaba se entrelaçando com outro, da qual também faz parte do mesmo trabalho. As informações implícitas estão por toda a parte, que atinge nosso subconsciente, usado por meio de imagens, músicas e  gestos da qual a mídia os utiliza muito. Influenciando inclusive na compra de certo produto.
Numa analogia, pode-se dizer que a Ordem Explícita é o universo espaço-temporal em que vivemos, e a Ordem Implícita o universo do não-manifesto.
*Implícito: é algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é deixado subentendido, é apenas sugerido.
*Quando lidamos com uma informação que não foi dita, mas tudo que é dito nos leva identificá-la, estamos diante de algo implícito.
*A compreensão de implícitos é essencial para se garantir um bom nível de leitura.
*Há textos em que nem tudo o que importa para a interpretação está registrado.
*O que não foi escrito deve ser levado em consideração para que se possa verdadeiramente interpretar um texto.
Para uma leitura eficiente, o leitor precisa captar tanto as informações explícitas como também implícitas. Um bom leitor é aquele que consegue ler nas entrelinhas, senão acaba por despercebido alguns significados importantes e decisivos ou ainda cair no erro de concordar com coisas da qual rejeitaria se assim percebesse.
É bom que se ressalte que no âmbito do direito, o implícito pode tanto ajudar como atrapalhar, quando se direciona ao magistrado devemos evitar ao máximo escrever nas entrelinhas, pois poderá prejudicar no andamento de  certo processo.

PRESSUPOSTO

É indiscutível que a escola é o lugar privilegiado para auxiliar os alunos na leitura de pressupostos. Mas, o que são pressupostos? Veja-se o seguinte exemplo prático:
“Ademir parou de beber.”
Para se aceitar o fato de Ademir ter deixado de beber, toma-se, como verdadeira, outra informação que, embora não dita na frase, é logicamente pressuposta pelo verbo parar de, ou seja, se Ademir parou de beber, é porque antes ele bebia.

Por outro lado, a informação deixa de ser válida se Ademir nunca bebeu. Dessa feita, o Novo Dicionário Aurélio (Ferreira, 1986) assim define pressuposto: “circunstância ou fato considerado como antecedente necessário a outro.” De forma mais abrangente, Ilari e Geraldi (1994: 90) explicam que a pressuposição é um “conteúdo implícito, sistematicamente associado ao sentido de uma oração, tal que a oração só pode ser verdadeira ou falsa se o conteúdo em questão for reconhecido como verdadeiro”.

No exemplo citado acima, percebe-se que a pressuposição lógica ou semântica é parte do conhecimento partilhado pelo falante e pelo ouvinte. Assim, diz-se que sua noção é relacionada ao sentido das palavras inscritas no enunciado, mas também, como diz Cançado (2005: 27-28), “a um conhecimento prévio, extralinguístico, que o falante e o ouvinte têm em comum”; portanto, de acordo com a autora , “pode-se dizer que a pressuposição é uma noção semântico-pragmática.”

Dessa feita, o conteúdo pressuposto “Ademir bebia antes”, já que conhecido pelos interlocutores para ser proferido, não é afetado, permanece inalterado quando esse enunciado é negado, ou é colocado em forma de interrogativa, ou mesmo como uma condicional (suposição) antecedendo outra sentença:

a) Ademir parou de beber;
b) Ademir não parou de beber;
c)Ademir parou de beber?
d)Se Ademir parou de beber, sua esposa deve estar contente.
O pressuposto faz sentido em qualquer uma dessas situações, ainda que modifiquemos sua forma sintática.

Ao analisar as relações de sentido em enunciados, algumas palavras ou expressões introduzem pressuposição. Entre os indicadores linguísticos de pressuposição, podem-se citar certos adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo, verbos que indicam mudança ou permanência de estado, advérbios, orações adjetivas e conjunções, os quais, ao serem identificados, contribuem para uma leitura mais aprofundada do texto.

Quando se diz, por exemplo:

Frequentei as aulas de pintura, mas aprendi algumas coisas.”
O falante transmite duas informações de maneira explícita:
a) que ele frequentou as aulas de pintura;
b) que ele aprendeu algumas coisas. Ao ligar essas duas informações com um mas comunica também, de modo implícito, sua crítica às aulas de pintura, pois passa a transmitir a ideia de que pouco se aprende nessas aulas.

Para entender melhor:

São aquelas ideias não expressas de maneira explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase. Assim, quando se diz O tempo continua chuvoso, comunica-se de maneira explícita que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo continuar deixa perceber a informação implícita de que antes o tempo já estava chuvoso.

Na frase: Pedro deixou de fumar diz-se explicitamente que, no momento da fala, Pedro não fuma. O verbo deixar, todavia, transmite a informação implícita de que Pedro fumava antes. A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou não concordar com ela. Os pressupostos, no entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles que constroem as informações explícitas.

Se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. No exemplo
acima, se Pedro não fumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar. Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os pressupostos, pois o seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados com vistas a levar o ouvinte ou o leitor a aceitar o que está sendo comunicado.

Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressuposto, o falante transforma o ouvinte em cúmplice, uma vez que essa ideia não é posta em discussão e todos os argumentos subsequentes só contribuem para confirmá-la.

Por isso, pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamento montado pelo falante. A demonstração disso pode ser encontrada em muitas dessas verdades incontestáveis postas como base de muitas alegações do discurso político
.

SUBENTENDIDO

Subentendidos são insinuações escondidas por trás de uma afirmação, sendo este contextual, pragmático, e de responsabilidade do ouvinte, por isso, altamente variável, uma vez que o falante camufla as palavras protegendo-se, porque, com ele, diz-se sem dizer, sugere-se, mas não diz, sem comprometer-se.

O subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o ouvinte depreendeu. O subentendido, muitas vezes serve para o falante proteger-se diante de uma informação que quer transmitir para o ouvinte sem se comprometer com ela.

O grau de evidência de um subentendido depende do grau de notoriedade dos fatos extralingüísticos a que remetem, ou seja, informações veiculadas por um dado enunciado, cuja localização depende da situação de comunicação.

Essas insinuações textuais desempenham papéis fundamentais na interpretação de enunciados orais ou escritos. Todavia, os interlocutores devem mostrar-se cooperativos, no que tange a construção do sentido textual, esse é um princípio geral denominado, Princípio de Cooperação.

Num texto, onde faltam informações para torná-lo claro e coeso, o leitor tem de procurar entender o que está implícito no enunciado, passando o significado a ser depreendido a partir do que não se disse explicitamente, levando-se em consideração o contexto situacional, os diferentes conhecimentos cognitivos, não só de caráter lingüísticos, mas socioculturais.

O subentendido, por sua vez, diz respeito à maneira como este sentido deve ser decifrado pelo destinatário, levando em conta as circunstâncias da enunciação, estando, portanto, ausentes no enunciado.
Como já ressaltado, na análise de textos, o aluno deverá perceber que há textos em que o que não foi escrito também deve ser levado em consideração no ato de ler.

Vejamos agora alguns exemplos:
1) Num diálogo entre A e B:
A: Estou procurando alguém para consertar meu carro.
B: Meu irmão está em casa.
A: Mas ele está sempre tão ocupado!
Nesse pequeno discurso existem muitas informações implícitas, ou seja, subentendidas, quais sejam:

  • A” sabe que ali naquele local mora alguém que conserta carro.

  • É o irmão de “B” que conserta carro.

  • A” fica surpreso ao encontrar o irmão de “B” em casa, já que ele encontra-se sempre muito atarefado.
2) Um enunciado como:“Conheço muito bem os políticos de hoje.”
Este enunciado pode querer dizer que os políticos são desonestos, isentando o locutor de qualquer responsabilidade, escondendo-se atrás do significado literal das palavras, já que a interpretação é particular daqueles que a realizam.
3) Ninguém é tão ignorante que não possa ensinar algo a alguém.
Subentende-se que:

  • O locutor confia na capacidade das pessoas para ensinar;

  • O interlocutor tem capacidade de ensinar;

  • Há diferentes graus de sabedoria ou de ignorância;

  • Não há ninguém verdadeiramente ignorante;

  • Há alguém que deseja ou precisa de ensino;

  • Há alguma coisa para ensinar.
Enfim, os leitores/ouvintes/interlocutores tem de estar atentos, principalmente às informações intrínsecas nos textos/enunciados, pois existem enumeras informações, que auxiliarão na melhor compreensão textual, sendo necessário situá-lo num contexto.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o pressuposto depende da comunhão entre os interlocutores no que tange ao conhecimento prévio de determinado assunto, já no subentendido não há esse comprometimento, nele o ouvinte tem a liberdade para compreender o fato, porém deve fazê-lo de forma cooperativa, pois só assim terá um entendimento conforme as expectativas do narrador.

Enfeixando-se o que foi exposto até o momento sobre pressuposto e subentendido e trazendo para o mundo jurídico, vemos a importância do tema implícito para uma perfeita extração de todos os detalhes passados pela narrativa de um futuro cliente direcionada ao seu advogado, o cliente no seu desabafo acalorado transmite muitas informações implícitas, as quais cabem ao advogado alavancar, pois assim o outorgado pode em sua petição explorar ao máximo a função emotiva colaborando os anseios do outorgante.

REFERÊNCIAS 
http://www.julianoribeiro.com.br
http://www.letras.ufmg.br
http://www.repositorio.seap.pr.gov.br
http://portugsparaconcursos.blogspot.com/2009/01/pressupostos-e-subentendidos-parte-ii.html
http://portugsparaconcursos.blogspot.com/2009/01/pressupostos-e-subentendidos-parte-i.html
http://www.mensagemsubliminar.com.br

Um comentário:

  1. Muito boa mesmo a explicação explicita do Implicito e pressuposto.

    Meu caso: Quando era garoto, eu gostava de uma menina, fiz o convite a ela pedindo-a pra namorar, ela veio com a resposta dizendo-me a seguinte frase: "Agora eu não posso namorar". Só entendí claramente o não posso namorar e isso foi um choque, uma facada no meu ego, resposta que subtraiu minhas forças (informações implicitas aqui nesta parte que me machcou). Não tinha entendido o Agora da resposta dela, se eu tivesse o subentendimento o pressuposto no enunciado dela...

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